Estudo FMUSP alerta: cerca de um em cada três transtornos psiquiátricos em adolescentes brasileiros pode ter origem na infância

  • 04/02/2025
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Estudo FMUSP alerta: cerca de um em cada três transtornos psiquiátricos em adolescentes brasileiros pode ter origem na infância

Mais de 80% dos jovens acompanhados vivenciaram ao menos um evento traumático até os 18 anos

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com a Universidade de Bath, no Reino Unido, revelou uma forte ligação entre traumas na infância e o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos na adolescência. Publicada na revista The Lancet Global Health, a pesquisa analisou dados de mais de 4 mil jovens brasileiros e identificou que mais de 80% deles vivenciaram ao menos um evento traumático até os 18 anos.

Os resultados indicam que o risco de desenvolver transtornos mentais, como ansiedade, depressão e transtornos de conduta, aumenta conforme a exposição a diferentes tipos de traumas. Estima-se que 30,6% dos diagnósticos aos 18 anos estejam relacionados a experiências traumáticas na infância. Entre os eventos analisados estão acidentes graves, desastres naturais, violência doméstica, abuso físico e sexual, e a perda de um dos pais.

O trabalho foi conduzido pela Profa. Dra. Alicia Matijasevich, da Faculdade de Medicina da USP, e pela Profa. Dra. Sarah Halligan, da Universidade de Bath, com a colaboração da estudante de doutorado Megan Bailey, primeira autora do estudo, e contou ainda com a participação de pesquisadores brasileiros e britânicos.

“Os traumas na infância e adolescência têm um impacto significativo na saúde mental. Nossos achados ressaltam a importância de estratégias de prevenção e intervenção precoce para mitigar os efeitos desses eventos ao longo da vida adulta”, afirmou a Dra. Alicia Matijasevich, professora associada do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e coautora do artigo.

A pesquisa também destaca que, embora existam estudos sobre o impacto de traumas infantis em países de alta renda, há uma escassez de evidências em países de baixa e média renda, onde a prevalência de adversidades na infância é maior e os serviços de saúde mental são mais limitados.

“A exposição à violência e outros eventos adversos é um fator de risco crucial para o desenvolvimento de transtornos mentais. Isso reforça a urgência de investir em políticas públicas voltadas à prevenção e ao apoio psicológico para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade”, enfatizou Megan Bailey.

A pesquisa analisou a base de dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, um estudo que acompanha um grande grupo de pessoas e avalia os efeitos dos fatores de risco sobre a saúde. Realizada no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, foi financiada por instituições brasileiras e internacionais, como o CNPq, a FAPESP, a UK Research and Innovation (UKRI) e a Universidade de Bath.


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